quarta-feira, abril 23, 2014

E ONDE NÃO TERÁ JOGO? VAI TER COPA?

As organizações dos trabalhadores que se apõem à realização da Copa do Mundo no Brasil têm dito muito sobre as reais mazelas que tal evento está causando às populações trabalhadoras e como tais mazelas,  no outro lado da moeda, significam o benefício da burguesia nacional e internacional. Mas e onde não tem jogo? Como vai ser a copa? Haverá luta?
            Sabemos na verdade que a Copa não irá apenas acontecer nas cidades que irão sediar os jogos das seleções. Os municípios que se encontram no em torno destas cidades vão acabar por receber uma série de turistas em seus hotéis. Em Campinas, no interior de São Paulo será, por exemplo, uma cidade que receberá os ecos da Copa do Mundo. As seleções de Portugal – do craque e galã Cristiano Ronaldo – e a seleção da Nigéria ficarão na cidade de Campinas, o que, sem dúvida, depois dos recados dados pelas ruas em Junho de 2013, é uma pedra no sapato dos setores que fomentam este grande evento. Em Campinas, os protestos de Junho foram muito fortes e certamente voltarão com a Copa e com a presença destas seleções e de estrangeiros que se hospedarão na cidade interiorana.  Prova disso é o convênio estabelecido entre a Polícia Militar de São Paulo em Campinas, o exército e o apagado governo municipal de Jonas Donizete (PSB) que, juntos, no dia 13 de Fevereiro deste ano, iniciaram um conjunto de planejamentos de ação integrada para conter todo e qualquer tipo de manifestação política que  possa atrapalhar o andar da carruagem na Copa, fora o concurso público de mais cem homens com equipamento especializado para compor os efetivos repressores em Junho de 2014. Trata-se de uma repressão anunciada bem antes da Copa.
            Além disso, a Copa do Mundo já bateu à porta de Campinas na chamada privatização do Aeroporto Viracopos; privatização esta que foi capitaneada pelo governo de Dilma Roussef e que tem como objetivo a “dinamização” e escoamento dos viajantes que passarão pela cidade na realização da Copa. Trata-se de um Aeroporto que é o maior centro de carga aérea da America do Sul, sendo o segundo principal terminal aéreo de cargas do país, além de receber, em média, 9 milhões de passageiros/ano. Por sua localização relativamente próxima a capital do estado, acredita-se que Viracopos será uma escolha bastante utilizada durante a copa de 2014, tanto para voos domésticos, quanto para internacionais, esses realizados apenas pela companhia aérea TAP, de Portugal. A necessidade de modernização rápida dos terminais de passageiros, para a copa, foi usada como justificativa para a privatização do Aeroporto de Viracopos, assim como dos aeroportos de Guarulhos e Brasília. No dia 6 de fevereiro de 2012, o Consórcio Aeroportos Brasil, formado pela Triunfo Participações e Investimentos, pela UTC Participações e pela francesa Egis Airport Operation, venceu o leilão de Viracopos e será responsável pela administração e modernização do complexo aeroportuário nos próximos 30 anos. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou a concessão de financiamento de longo prazo no valor de R$ 1,5 bilhão para a concessionária do Aeroporto Internacional de Viracopos. A participação do Banco corresponderá a 62,6% do investimento total. Em dezembro de 2012, a Aeroportos Brasil Viracopos já havia recebido empréstimo-ponte de aproximadamente R$ 1,2 bilhão.
            Mesmo com tanto dinheiro público investido, as obras deste Aeroporto estão atrasadas e não devem ficar prontas para a copa.  Pelo contrato firmado deveriam ser entregues até 11 de Maio um novo terminal para 22 milhões de passageiros/ano, um edifício-garagem com 4000 vagas, pista de taxiamento e obras de acesso ao aeroporto. No entanto, somente parte do terminal e as áreas de embarque e desembarque nacionais e internacionais estarão funcionando. Soma-se a isso a trágica morte do jovem operário Vinicius Souza Bueno, de 19 anos, durante as obras do aeroporto e, no que diz respeito à repressão imediata aos trabalhadores do entorno do Aeroporto, houve já a tentativa de despejo coletivo, por parte da Concessionária Aeroportos Brasil Viracopos S/A, de milhares de moradores no bairro Jardim Cidade Singer, região Campo Belo, no dia 25/02/2013. Manifestações por parte dos moradores foram, como de costume, reprimidas pela Tropa de Choque. Essa é a copa das copas que os trabalhadores de Campinas irão experimentar.
            Por isso, nós, da LSR, acreditamos que além haver copa nas cidades onde não haverá partidas, tais engodos são utilizados como justificativa para a privatização criminosa desses setores, que vem junto com um processo de repressão à classe trabalhadora, na toada do que já vem acontecendo em cidades como o Rio de Janeiro, em que a classe trabalhadora vem sofrendo, com a ocupação da Favela da Maré, as piores humilhações, como a revista diária dos trabalhadores.  Há então, na Copa do Mundo, um projeto muito maior do que a própria Copa e que atende diretamente os interesses dos grandes capitalistas atualmente representados pelo governo de Dilma Roussef. Isso tudo não só com conivência, mas com aval direto do governo de Federal presidido por Dilma.  É preciso dizer em alto e bom som aos governos burgueses municipais, estaduais e federais que a regra é clara: “Da Copa eu abro mão! Quero mais dinheiro para saúde transporte, moradia e educação!”

Bryan Félix de Moraes
Augusto César Asciutti


terça-feira, abril 22, 2014

Alerta aos machistas feministas- Por Pedro Camilo Modelo

Homens, vamos agora à conversa mais séria e importante da vida de todos nós. Vivemos hoje numa sociedade em que a banalização da opressão é regra. E muitos de nós até temos consciência disso. Mas não é suficiente. E, enquanto vivermos nesse modelo de sociedade, nunca será. Os que não têm consciência tem a probabilidade maior de praticarem atos sexistas? Teoricamente, isso deveria ser concreto. Mas não é. Muitos de nós, centralmente os militantes de esquerda, bradam discursos contra as opressões e apontam detalhes de ações machistas com precisão. Ao mesmo tempo, muitos de nós acreditamos que, por termos essa consciência, estamos apartados do grupo dos homens “machistas desprezíveis”; somos diferentes. É aí que começa o grande problema.
                Basta negarmos que somos homens inseridos numa sociedade machista para colocarmos lenha em uma pequena chama opressora dentro de nós. Chama esta que facilmente pode ser a causadora de um pavoroso incêndio. Digo isso por experiência própria e, por mais doloroso que seja revelar isso, é essencial para a conclusão. Ao negarmos, particularmente, nossa “participação” social no sexismo, deixamos de nos observar e passamos apenas a condenar os atos de outros. Assim, quando observamos outro homem discutindo com uma mulher na rua e levantando a voz, nos enchemos de razão para o colocarmos como opressor. Mas, por não nos observarmos em nada – porque achamos que não precisamos – fazemos o mesmo e não chegamos nem perto de perceber.
                Os que tem aquela chamada consciência também sabem que a opressão tende a se construir de maneira crescente. Ou seja, o esposo que hoje bate na esposa, amanhã talvez a mate. E, novamente, os homens “conscientes” não estão excluídos disso. Ao deixarmos de lado nossa autoavaliação, nos tornamos zumbis incapazes de enxergar suas próprias monstruosidades. Podemos agir das maneiras mais brutais e opressoras e, depois, nem sequer nos lembrarmos. Simplesmente porque, por termos a certeza da impossibilidade de acontecer conosco, colocamos nossas ações num plano virtual inatingível. Doença. Todos os homens podemos em algum momento nos olharmos no espelho e observarmos aquele que tanto desprezamos. Mas é possível lutar para evitar que isso aconteça.
                Antes de tudo, nunca, em hipótese alguma, podemos negar que aquela pequena chama opressora existe – hoje – dentro de absolutamente todos os homens, sejam eles heterossexuais, gays, bissexuais, transexuais, travestis ou transgêneros. Pronto? Passada, essa primeira etapa, começa então a segunda e eterna. A luta no dia-a-dia para apagarmos essa chama em nós mesmos e, obviamente, nos outros. Nós nunca estaremos “curados” do machismo enquanto vivermos nessa sociedade. É tarefa de cada homem, então, se colocar em constante avaliação e reavaliação. Acordarmos e termos todos os dias a consciência de que aquele será mais um dia de combate ao machismo, independente de onde estivermos e para onde formos; assim como, todos os dias, as mulheres acordam e sabem que independente de onde estiverem e para onde forem ainda não deixarão de ser oprimidas.


Reunião dia 23/04/2014

Convidamos a todos para participar de nossa próxima reunião a se realizar dia 23/04/2014 as 19:30 na rua João Passos Nº 919- Bairro centro em Botucatu.
Para esta reunião nos propusermos além de discutir temas locais a discutir o texto a seguir:
1 – A profunda crise global do capitalismo aberta em 2008, que vem gerando retração econômica, quebra ou paralisação de empresas, destruição de riqueza e recursos, milhões de desempregados, um aumento da desigualdade social e muito sofrimento humano, só comprova mais uma vez a total falência desse sistema como modelo de organização social. Ao contrário da propalada racionalidade de seus mercados e agentes, esta crise só demonstra a irracionalidade e a completa cegueira do capital na sua busca irrefreável por lucros a qualquer custo, mesmo que isso implique em mergulhar a humanidade na barbárie, como já o fez mais na Grande Depressão de 1929-36 e em suas sangrentas guerras mundiais.
A busca de valorização sem limites das montanhas de capital acumuladas nas mãos de poucos, ao lado da miséria de milhões, embalada por uma lógica individualista e consumista desenfreada, está levando também a um desequilíbrio ambiental global e à severa contaminação do meio ambiente, ameaçando a própria sobrevivência das muitas espécies de vida no planeta. A crise estrutural do capitalismo e a comoção humana que observamos neste início do século XXI reafirmam a urgente necessidade do socialismo com liberdade como única alternativa de organização para a sociedade humana e de sobrevivência da vida no planeta. Nesta direção, a corrente Liberdade, Socialismo e Revolução defende um programa e uma estratégia revolucionários, de mobilização contra o capitalismo e por uma revolução socialista no Brasil e no mundo.  
2 - A LSR entende o socialismo como um governo que seja efetivamente dos trabalhadores, dos assalariados, um poder da maioria voltado para a maioria. Defendemos a construção de outra sociedade, de uma cultura diferente, baseada em valores de igualdade, justiça, humanismo e elevada solidariedade social, na qual sejam suprimidas a propriedade privada dos meios de produção, a desigualdade, a injustiça, a opressão e a discriminação de toda espécie. Uma sociedade baseada na propriedade coletiva, no uso racional e sustentável dos recursos naturais, no planejamento democrático, onde a ninguém seja dado o direito de explorar outrem e onde todos possam usufruir igualmente do produto social. Lutamos pela superação da secular divisão social do trabalho, onde uns pensam e decidem e a maioria apenas executa de forma alienada o processo de produção. Lutamos por uma sociedade de iguais, onde a todos seja dado o direito de decidir em igualdade de condições as alternativas do processo de produção social e os rumos da sociedade. Lutamos também contra a divisão sexual do trabalho, que o capitalismo se apropriou, usando um regime de opressão à mulher, mantendo-a no restrito espaço privado e submetida a uma dupla jornada de trabalho. A nossa luta é por isso também altamente ideológica, combatendo a ideologia burguesa, o individualismo, o personalismo, o consumismo, o egoísmo, o machismo, o racismo e a homofobia, que essa sociedade baseada na exploração e opressão tenta nos impor. Faz-se necessário resgatar entre os seres humanos, no dia a dia da luta dos trabalhadores, na relação entre as correntes revolucionárias e no convívio entre os militantes uma elevada moral, os melhores valores humanos de solidariedade, camaradagem, generosidade e respeito.   
3 – A experiência do século XX deixou claro que é impossível construir o socialismo de forma isolada, em um só país ou mesmo região. O socialismo será mundial ou não será. O capital internacional atacará e nunca descansará enquanto não estrangular e derrotar uma formação assim. Isso é ainda mais válido em uma economia mundial cada vez mais integrada e interdependente como a atual. As revoluções nacionais podem apenas despertar uma virada global, que implante o socialismo em todo mundo; do contrário, isoladas, retrocederão, como se viu no Leste Europeu. Assim, a LSR defende que o internacionalismo é um dos pilares básicos de uma corrente realmente revolucionária.
Precisamos resgatar e estimular os muitos exemplos de solidariedade internacional concreta entre os trabalhadores ocorridos no século passado. Nesse caminho, desde hoje a LSR estimulará toda iniciativa positiva de reorganização internacional dos trabalhadores e a solidariedade à todas as lutas contra a exploração e a opressão imperialistas. Com esta concepção, a LSR soma-se também ao esforço de construção de uma organização internacional dos trabalhadores. 
4 – Aprendendo com as experiências do século XX, defendemos o socialismo com democracia eliberdade, rejeitando os modelos burocráticos e ditatoriais de sistemas políticos erroneamente identificados com o socialismo, como o da ex-URSS, baseados no partido único, na brutalidade, na supressão de direitos democráticos básicos dos trabalhadores e na perseguição a qualquer oposição. Ainda que defendendo incondicionalmente as conquistas da Revolução Cubana contra qualquer agressão e contra o bloqueio imperialista e levando em conta as suas diferenças com o exemplo da URSS, também não consideramos como socialista o sistema político de partido único instalado em Cuba e nos opomos ao seu caráter ditatorial. Rever, reestudar a história do socialismo no século XX, submetendo-a a uma autocrítica rigorosa, é condição para poder renovar socialismo e reencantar a humanidade com nosso sonho. Mesmo que reconhecendo como progressivo o discurso antiimperialista de Hugo Chávez, também não consideramos como socialista seu regime político, através do qual conduz o país de forma autoritária com a atitude de um caudilho, reprimindo as mobilizações independentes dos trabalhadores e impedindo sua livre organização. Este não será o socialismo do século XXI.
5 - Rejeitamos também o reformismo e a conciliação de classe, que prega uma ilusória melhoria dentro dos marcos do sistema capitalista. Entendemos que só haverá avanço real para humanidade se ela se livrar do sistema atual, e que uma ruptura revolucionária só se dará com os trabalhadores organizados independentemente dos patrões e seus representantes. Não negamos a importância da luta institucional. Entretanto, entendemos que a participação de partidos socialistas e revolucionários nas eleições deve estar a serviço da luta dos trabalhadores, não o contrário. As transformações estruturais que os trabalhadores demandam e a construção do socialismo não virão por reformas no campo das instituições capitalistas, mas somente através da luta direta dos trabalhadores, dos povos e setores oprimidos. A experiência do PT repete o mesmo caminho que os partidos reformistas social-democratas trilharam há um século atrás, se adaptando ao sistema, se agarrando ao poder, se aliando a partidos burgueses até se tornar indistinguível deles, na corrupção e no burocratismo.
6 - O socialismo científico de Marx e Engels concebia antes de tudo uma nova sociedade altamente organizada e democrática, o poder disseminado das comunas livres da Comuna de Paris de 1871, não o poder concentrado em um partido, em um ditador ou em um caudilho. Concebemos o novo poder como o poder da própria sociedade auto-organizada em seus fóruns, o poder democrático de seus conselhos, assembléias, congressos de trabalhadores, dos sindicatos, centrais sindicais, ou seja, dos próprios movimentos e organismos sociais. Nosso socialismo é aquele visto nas frentes de luta da Revolução Espanhola, de alta solidariedade entre todos os revolucionários, fossem de qualquer nacionalidade, e na qual as decisões eram tomadas coletivamente. Nosso socialismo é aquele em que os trabalhadores tomam, eles mesmos, o poder em suas mãos, como nos sovietes revolucionários e nas vibrantes e massivas assembléias dos dias decisivos da Revolução Russa de outubro de 1917, que abalaram e encantaram o mundo.
7 - Reivindicamos o papel decisivo de uma vanguarda revolucionária e de partidos revolucionários na direção da luta dos trabalhadores, na ruptura com o capital e na construção da nova sociedade. O papel do partido bolchevique, por exemplo, foi fundamental para a vitória da Revolução Russa, como também o foi o de outros movimentos ou partidos revolucionários nas revoluções do século passado. A LSR busca construir, a cada dia, a ferramenta política revolucionária necessária aos trabalhadores, ou seja, construir um partido revolucionário. Entretanto, rejeitamos que qualquer partido ou corrente substitua os trabalhadores em suas tarefas e em seu poder. Negamos também a concepção de um partido único, dirigindo por cima a nova sociedade, pois acreditamos que não existe um único partido revolucionário e nenhum partido pode expressar sozinho os múltiplos interesses da classe trabalhadora, ainda mais em sociedades tão complexas como as atuais. O stalinismo foi para a lata do lixo da história com o colapso no Leste Europeu.
8 - Os partidos ou correntes socialistas terão um papel central na luta revolucionária, mas não podem concentrar o poder político, substituindo os organismos dos próprios trabalhadores nas decisões que cabem a eles mesmos, à toda sociedade. Disso decorre que, desde hoje, buscamos fortalecer e estimular o funcionamento autônomo das organizações sociais, sem nunca esvaziá-las e aparelhá-las, nunca colocando os interesses de recrutamento e construção de nossa corrente acima dos interesses coletivos, como fazem as organizações sectárias, que aparelham e assim destroem as organizações dos trabalhadores e da juventude. Combateremos com vigor as políticas das correntes oportunistas e sectárias e buscaremos atrair de forma ousada para nossas fileiras novos integrantes, mas colocando sempre o interesse e a unidade dos trabalhadores acima de tudo.
9 - Um novo socialismo com liberdade não pode renegar as conquistas democráticas e civilizatórias alcançadas pelos trabalhadores e pelos povos dentro do capitalismo. Pelo contrário, deve assegurá-las e alargá-las, garantindo o livre direito de expressão, de crítica, organização partidária e deslocamento à todos aqueles que se colocam ao lado da nova sociedade. As conquistas das sociedades alcançadas à duras penas dentro da democracia capitalista, com tantas lutas e que tantas vidas custaram, não são obras do capital, são antes de tudo conquistas dos trabalhadores, patrimônio da humanidade. O socialismo precisa propor-se superior ao capitalismo em todos os planos, especialmente quanto à tolerância, no respeito à imensa diversidade humana, à crítica, à livre organização política dos que estão ao lado do socialismo ou respeitam as decisões coletivas, aos direitos das minorias, ou seja, precisa mostrar-se como uma civilização mais elevada em todos os aspectos. Nesta concepção, também devem ser especialmente assegurados os direitos dos trabalhadores comuns, dos indivíduos, especialmente em relação ao Estado. Tais direitos não podem ser suprimidos em nome de um interesse coletivo genérico, como o foi nas experiências stalinistas, até porque o interesse coletivo só pode merecer realmente essa qualificação se contemplar a maioria dos interesses individuais.
Sem difundir isso categoricamente, não superaremos a barreira ideológica criada pelo stalinismo entre os socialistas e as amplas massas, que infelizmente vêem o socialismo como sinônimo de intolerância e violência.
10 - Rejeitamos enfaticamente a violência, a intimidação, a desqualificação dos oponentes, as manobras, as mentiras e calúnias como método de luta política válido entre os trabalhadores e as correntes revolucionárias. Uma nova democracia socialista deve se assentar antes de tudo na solidariedade de classe, na luta política leal nos organismos dos trabalhadores, na reconstrução da moral revolucionária destruída pelo stalinismo, no respeito às diferenças e à diversidade política do movimento socialista, dos trabalhadores e dos povos, enfim, no direito de todas as correntes do campo dos trabalhadores a se expressar livremente. Não descartamos a violência revolucionária como forma de se defender e derrotar as antigas classes exploradoras que agem com violência contra os trabalhadores. Mas as medidas de exceção devem ser aplicadas unicamente contra a minoria reacionária que ataca a revolução.
11. É essa concepção de democracia revolucionária, de respeito e tolerância para com as diferenças políticas e as minorias, que a LSR buscará praticar no movimento social e em seu interior. O socialismo não é apenas uma nova construção econômica e social, é também a passagem a uma nova dimensão moral, a uma nova cultura política de elevada solidariedade que precisamos praticar desde hoje. Agir com lealdade, honestidade, grandeza e magnanimidade na luta política não é apenas um capricho, é uma necessidade urgente e uma pré-condição para reconstruir a unidade e acelerar a reorganização das fileiras socialistas, depois de tantas décadas de brutalidade, sectarismo, falsificações, desmoralização e divisão introduzidas pelo stalinismo e pelas burocracias. 

A Desigualdade latente no julgamento penal- Por Luiz Flávio gomes

O drama do castigo penal (ora barbaramente excessivo, ora escancaradamente leniente) sugere diariamente incontáveis capítulos novos. Vale a pena refletir sobre o tratamento vergonhosamente favorável dado ao jovem Ethan Couch. Ser absolvido de um crime por ser milionário não constitui nenhuma novidade. Que o diga a história da humanidade e da Justiça criminal. Os ricos (especialmente nos sistemas penais burgueses extremamente desiguais) gozam de muitos privilégios, ideologicamente perpetuados nas respectivas culturas. Eles fazem de tudo para não serem nem sequer processados (muito menos condenados).
Beccaria, já em 1764 (no seu famoso livro Dos delitos e das penas), deplorava esse tipo de tratamento desigual. Na época, em relação aos nobres; ele dizia que, sob pena de grande injustiça, os nobres deveriam ser punidos da mesma maneira que os plebeus. A medida da pena, ele afirmava, deve ser o dano causado à sociedade, não a sensibilidade do réu (sua honra, sua fama, sua carreira etc.).
Ethan Couch, um adolescente norte-americano de 16 anos, no Texas, conduzia seu veículo em estado de embriaguez (três vezes acima do permitido) quando matou quatro pessoas num acidente automobilístico. A prisão que seria a reação natural, sobretudo se se tratasse de um jovem negro e pobre. Sendo Ethan de uma família muito rica, a sentença do juiz foi espetacularmente “humanista”. Fundamentação do juiz: “os pais de Ethan sempre lhe deram tudo o que ele queria, e nunca lhe ensinaram que as ações têm consequências. Ocupados com o seu egoísmo e as suas próprias vidas, deixaram-no crescer entregue a si mesmo, sem lhe incutirem bons princípios - um problema típico desse tipo de famílias, segundo o tribunal. O menino foi desculpado, portanto” (expresso. Sapo. Pt/matou-quatro-pessoas-masojuiz-diz-que-naooprende-por-ser-rico=f846069#ixzz2yaUIvs5r).
No Brasil isso já ocorreu incontáveis vezes em relação aos menores ricos (para que destruir o futuro de uma criança ou de um adolescente do “bem”?). E vai ocorrer com mais intensidade se o legislador brasileiro (irresponsavelmente) não resistir à tentação de reduzir a maioridade penal (quando vamos entender que lugar de menores é na escola, não em presídios?). Já hoje praticamente não se vê nenhum menor rico cumprindo a “medida” de “internação”. A Justiça trata os menores milionários de forma diferente; apenas não costumam ser tão explícitos como foi o juiz norte-americano do caso Ethan.
Quando se trata de um pobre, por mínima que seja a infração, a família dele funciona como agravante - mães solteiras, pais ausentes, alcoolismo, dependência, irresponsabilidade, disfuncionalidade; “o menor pobre nasce para o crime”, é atavicamente mórbido etc. Tudo leva o juiz (“imparcial”) a deixá-lo preso (“internado”) um período, para se acalmar. Nem sempre ocorre o programado, mas o sistema penal burguês foi desenhado para discriminar os pobres e marginalizados. O tratamento não é apenas lenientemente desigual em relação ao rico, sim, é desigual da intensidade das sanções contra o pobre. A mesma infração ora é perdoada, ora é punida severamente: tudo depende quem a praticou (essa distinção, extraordinariamente difusa nos países socioeconomicamente muito desiguais, é que era criticada pela sensibilidade de Beccaria).

terça-feira, abril 15, 2014

Trabalhadores da IMBEL de Itajubá-MG entram em greve por tempo indeterminado

Trabalhadores da IMBEL de Itajubá-MG entram em greve por tempo indeterminado
 
Os trabalhadores da Indústria Estatal de Material Bélico do Brasil (IMBEL) de Itajubá-MG entraram em greve por tempo indeterminado na segunda-feira, 14 de abril.
Mais de 60% dos 970 trabalhadores aderiram `a greve.
A IMBEL de Itajubá-MG tem 60% dos trabalhadores de todas as unidades da empresa pelo país e é responsável pela produção dos novos fuzis IA2, pistola, carregadores e todo armamento comercializado pela empresa.
 A categoria luta por um reajuste de 15% nos salários, além de abono e revisão do Plano de Cargos e Salários (PSC).
Na semana  passada, houve duas paralisações de 4 horas e a direção da empresa e o governo federal não tiveram a disposição de negociar pra valer com os trabalhadores. 
Após início da greve,  a IMBEL apresentou uma proposta que apenas atualiza a correção da inflação (IPCA) do período que foi de 6,15%.   
 
Trabalhadores de todas as unidades da IMBEL pelo país estão parados
 
Em virtude da intransigência da direção da empresa e do governo federal em negociar pra valer,  os trabalhadores das outras 4 unidades da IMBEL - Juiz de Fora-MG, Rio de Janeiro (RJ), Magé (RJ) e Piquete (SP) - acabaram seguindo o exemplo dos operários de Itajubá-MG e acabaram também entrando em greve por tempo indeterminado.  
  
Solidariedade`a greve dos  trabalhadores (as) da IMBEL
 
Mas para que essa greve dos  trabalhadores da IMBEL seja vitoriosa, é necessário o apoio do conjunto dos trabalhadores, de todos os movimentos sociais e dos partidos no campo dos trabalhadores.
A direção da empresa, seguindo as determinações do governo Dilma, tem reafirmado que não apresentará nenhuma proposta de reajuste salarial acima da inflação do período. Este mesmo discurso foi reafirmado na negociação (enrolação)  que houve nesta terça-feira (15/04).
Este posicionamento da IMBEL está em sintonia com a política econômica do governo federal que prevê para este ano, um ajuste fiscal de 44 bilhões de reais. Destes, 3,5 bilhões de reais serão cortados do Ministério da Defesa, o qual a IMBEL é subordinada. Toda esta política tem um único objetivo: garantir  o lucro aos credores da dívida pública brasileira.
Além disso, é inadmissível que um governo que gasta 30 bilhões de reais em estádios e outras obras faraônicas para a Copa do Mundo, afirme não ter condições de atender a pauta de reivindicação dos trabalhadores da IMBEL.
 
A LSR e a greve dos trabalhadores da IMBEL de Itajubá-MG.
 
A LSR tem jogado um papel importante na greve dos trabalhadores da IMBEL de Itajubá-MG. Temos companheiros que são diretores e trabalhadores de base do Sindicato dos Metalúrgicos de Itajubá-MG, filiado `a CSP-Conlutas.
Por termos vários companheiros, que além de serem diretores do sindicato, são funcionários da empresa, conseguimos realizar um bom trabalho de base de preparação para a greve.
Os companheiros (as) metalúrgicos (as) da LSR em Itajubá-MG tem colocado em suas intervenções que a greve dos trabalhadores da IMBEL está correta, pois bem mostraram os garis do Rio de Janeiro, a luta é a única forma da categoria sair vitoriosa.
Além disso, temos buscado a solidariedade ativa de outros movimentos sociais e de partidos no campo dos trabalhadores, como é o caso do PSOL.
 
As moções exigindo que a IMBEL atenda a pauta de reivindicações dos greve dos trabalhadores, com cópia para a CSP-Conlutas  (secretaria@cspconlutas.org.br) devem ser enviadas para:
 
Secretaria Geral da Presidência da República: sg@planalto.gov.br
Ministério da Defesa: webmaster@ccomsex.eb.mil.br
              IMBEL:  institucional@imbel.gov.br

segunda-feira, abril 07, 2014

Reunião Ordinária

O PSOL de Botucatu, após um período de reorganização convida a todos para participar  de sua reunião ordinária a se realizar no dia 8 do mês de abril de 2014 as 20:00 horas na Rua João Passos nº 919, Centro Cidade de  Botucatu.