Finalmente o Brasil colhe os frutos de décadas de descaso por parte dos seus governantes. Em nome da segurança imediata, no intuito de causar boa impressão e demonstrar que medidas públicas estão sendo adotadas para garantir o bom andamento da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016 o Governo do Rio de Janeiro e o Governo Federal não hesitaram em colocar as forças armadas mais uma vez nas favelas.
Hoje, dia 26 de novembro de 2010, nosso país tem mais um ato execrável para se orgulhar, pois dentro do pragmatismo cego de nossos políticos as medidas adotadas foram as mais coerentes, esquecem-se todos que as favelas são o fruto do abandono destes, da falta de políticas públicas desde a abolição da escravatura, da falta de um olhar mais apurado as necessidades dos seus moradores.
Não fazem a menor questão de se lembrarem que o negro pobre sem ter para onde ir acabou nos morros, subjugado por um sistema baseado no status social e na predileção racial pelo homem branco, faltou habitação, educação, emprego e, o principal, dignidade ao negro. Com o passar dos anos a favela deixou de ser habitação apenas do negro marginal, mas também se tornou o lar do branco pobre, do nordestino retirante que migrou para as capitais em busca de uma melhor qualidade de vida.
Não precisa ser um expert no assunto para prever que os fatos de hoje não tardariam em acontecer, pois todas as alternativas plausíveis nunca foram aplicadas, pelo contrário, caminhou-se com ardente paixão para uma precarização do ensino público, total desmazelo pelo SUS, ínfimo investimento em infra-estrutura e qualidade de vida, baixíssima geração de empregos. Agora o atual Governo age como um pit bull louco acreditando que exterminando os pequenos traficantes, levando o pânico aos moradores vai resolver esse problema, como se dominar as favelas fosse acabar com o abismo social que gera o crime organizado.
Do outro lado da TV os hipócritas de plantão aplaudem as atitudes tomadas, parafraseando os jornalistas sensacionalistas que dizem que bandido bom é bandido morto, esquecendo-se absolutamente que muitos desses “bandidos” nasceram principalmente da sociedade organizada, vítimas dos bandidos mor, os de colarinho branco, que mamam nas tetas do governo enchendo seus bolsos e matando muito mais gente ao não garantirem as necessidades básicas da população brasileira.
Ainda não se acabaram as celebrações do novembro negro, mas já podemos trocar o carinhoso nome desse mês para novembro vermelho, vergonhoso e esdrúxulo, ao invés de rojões, balas, ao invés de comemorar a vida, silêncio pelas mortes, ao invés de mudar a história do favelado, um drástico fim a ela. Que não nos enganemos, tudo isso não adianta. Enquanto o pobre continuar sendo tratado com descaso, essa medida paliativa e assassina apenas serve pra exterminar uma geração e permitir que uma nova venha com mais sede de sangue. Enfim, enquanto o Presidente Lula mostra ao mundo como trata o problema da falta de segurança o pobre sofre pelas mazelas desse e de outros presidentes desde a descoberta do Brasil.
Ass.: Gustavo de Paula Mineiro
Militante do PSOL Botucatu
Defensor do PNDH 3
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