As organizações dos
trabalhadores que se apõem à realização da Copa do Mundo no Brasil têm dito
muito sobre as reais mazelas que tal evento está causando às populações
trabalhadoras e como tais mazelas, no
outro lado da moeda, significam o benefício da burguesia nacional e
internacional. Mas e onde não tem jogo? Como vai ser a copa? Haverá luta?
Sabemos na verdade que a Copa não irá apenas acontecer
nas cidades que irão sediar os jogos das seleções. Os municípios que se
encontram no em torno destas cidades vão acabar por receber uma série de
turistas em seus hotéis. Em Campinas, no interior de São Paulo será, por
exemplo, uma cidade que receberá os ecos da Copa do Mundo. As seleções de
Portugal – do craque e galã Cristiano Ronaldo – e a seleção da Nigéria ficarão
na cidade de Campinas, o que, sem dúvida, depois dos recados dados pelas ruas
em Junho de 2013, é uma pedra no sapato dos setores que fomentam este grande
evento. Em Campinas, os protestos de Junho foram muito fortes e certamente
voltarão com a Copa e com a presença destas seleções e de estrangeiros que se
hospedarão na cidade interiorana. Prova
disso é o convênio estabelecido entre a Polícia Militar de São Paulo em
Campinas, o exército e o apagado governo municipal de Jonas Donizete (PSB) que,
juntos, no dia 13 de Fevereiro deste ano, iniciaram um conjunto de
planejamentos de ação integrada para conter todo e qualquer tipo de
manifestação política que possa atrapalhar
o andar da carruagem na Copa, fora o concurso público de mais cem homens com
equipamento especializado para compor os efetivos repressores em Junho de 2014.
Trata-se de uma repressão anunciada bem antes da Copa.
Além disso, a Copa do Mundo já bateu à porta de Campinas
na chamada privatização do Aeroporto Viracopos; privatização esta que foi
capitaneada pelo governo de Dilma Roussef e que tem como objetivo a
“dinamização” e escoamento dos viajantes que passarão pela cidade na realização
da Copa. Trata-se de um Aeroporto que é o maior centro de carga aérea da
America do Sul, sendo o segundo principal terminal aéreo de cargas do país,
além de receber, em média, 9 milhões de passageiros/ano. Por sua localização
relativamente próxima a capital do estado, acredita-se que Viracopos será uma
escolha bastante utilizada durante a copa de 2014, tanto para voos domésticos,
quanto para internacionais, esses realizados apenas pela companhia aérea TAP,
de Portugal. A necessidade de modernização rápida dos terminais de passageiros,
para a copa, foi usada como justificativa para a privatização do Aeroporto de
Viracopos, assim como dos aeroportos de Guarulhos e Brasília. No dia 6 de
fevereiro de 2012, o Consórcio Aeroportos Brasil, formado pela Triunfo
Participações e Investimentos, pela UTC Participações e pela francesa Egis
Airport Operation, venceu o leilão de Viracopos e será responsável pela
administração e modernização do complexo aeroportuário nos próximos 30 anos. O Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou a concessão de
financiamento de longo prazo no valor de R$ 1,5 bilhão para a concessionária do
Aeroporto Internacional de Viracopos. A participação do Banco corresponderá a
62,6% do investimento total. Em dezembro de 2012, a Aeroportos Brasil Viracopos
já havia recebido empréstimo-ponte de aproximadamente R$ 1,2 bilhão.
Mesmo com tanto dinheiro público investido, as obras
deste Aeroporto estão atrasadas e não devem ficar prontas para a copa. Pelo contrato firmado deveriam ser entregues
até 11 de Maio um novo terminal para 22 milhões de passageiros/ano, um
edifício-garagem com 4000 vagas, pista de taxiamento e obras de acesso ao
aeroporto. No entanto, somente parte do terminal e as áreas de embarque e
desembarque nacionais e internacionais estarão funcionando. Soma-se a isso a
trágica morte do jovem operário Vinicius Souza Bueno, de 19 anos, durante as obras do aeroporto e, no
que diz respeito à repressão imediata aos trabalhadores do entorno do
Aeroporto, houve já a tentativa de
despejo coletivo, por parte da Concessionária Aeroportos Brasil Viracopos S/A,
de milhares de moradores no bairro Jardim Cidade Singer, região Campo Belo, no
dia 25/02/2013. Manifestações por parte dos moradores foram, como de costume,
reprimidas pela Tropa de Choque. Essa é a copa das copas que os trabalhadores
de Campinas irão experimentar.
Por isso, nós, da LSR, acreditamos que além haver copa
nas cidades onde não haverá partidas, tais engodos são utilizados como
justificativa para a privatização criminosa desses setores, que vem junto com
um processo de repressão à classe trabalhadora, na toada do que já vem
acontecendo em cidades como o Rio de Janeiro, em que a classe trabalhadora vem
sofrendo, com a ocupação da Favela da Maré, as piores humilhações, como a
revista diária dos trabalhadores. Há
então, na Copa do Mundo, um projeto muito maior do que a própria Copa e que
atende diretamente os interesses dos grandes capitalistas atualmente
representados pelo governo de Dilma Roussef. Isso tudo não só com conivência,
mas com aval direto do governo de Federal presidido por Dilma. É preciso dizer em alto e bom som aos governos
burgueses municipais, estaduais e federais que a regra é clara: “Da Copa eu
abro mão! Quero mais dinheiro para saúde transporte, moradia e educação!”
Bryan Félix de Moraes
Augusto César Asciutti
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