Militantes socialistas revolucionários, não nos negamos a participar dos processos eleitorais, para aproveitar os espaços e fazer a denúncia do capitalismo e o discurso de que uma nova sociedade é urgente, ante a ameaça de sucumbirmos diante da tragédia total, que tal sistema nos arrasta.
Entretanto, não devemos esquecer de que o processo eleitoral é perigoso. Temos o exemplo do que ocorreu por ocasião da Primeira Grande Guerra, quando o imperialismo, preparando-se para o conflito bélico, levou o discurso patriota ao histerismo, e isso fez os partidos socialistas da Europa Ocidental, principalmente o da Alemanha, a não querer desagradar a massa eleitoral, denunciando o caráter burguês daquele confronto. Ao invés disso, preferiu dar as costas ao socialismo revolucionário e se passar para uma postura social-patriota, enterrando a proposta de luta pela transformação social e fortalecendo os interesses do capitalismo.
O exemplo dramático do comportamento dos partidos socialistas, naquela ocasião, se estendeu como prática, em incontáveis processos eleitorais no mundo a fora, pois fiel à máxima de que “agradar é preciso” para obter resultados eleitorais, aposta-se na exploração do atraso das massas populares, encharcadas pelo veneno político-ideológico da burguesia. Face essa situação, é preciso termos claro que a nossa participação não deve se pautar pela busca de bons resultados nos pleitos eleitorais, quando isso implica na nossa descaracterização.
Não devemos fugir do fato de ser a nossa sociedade, dividida em classes e camadas sociais. Não é conveniente, nem tampouco correto, a partidos ou candidatos que se reivindicam socialistas, substituir o discurso anticapitalista pelo discurso da cidadania, desde que se trata de uma manobra da burguesia para omitir a luta de classes. Não nos é permitido enganar o eleitorado, uma vez que a nossa missão central é, justamente, promover a educação política, na perspectiva da transformação social e ela só se dará a partir da verdade histórica.
Gilvan Rocha
gilvanrocha50@gmail.com
Pres. do Centro de Atividades e Estudos Políticos
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