Atualmente muito se fala de educação e o principal discurso é que tem
que se investir em educação para um mundo melhor, porém não é isso que
acontece. Hoje se gasta com outros setores e a Educação continua por último, e
na hora que os resultados são ruins governos crêem que o problema é apenas
gerencial dos “recursos humanos” buscando assim
culpados para a situação, e esta quase sempre recai sobre os
profissionais da Educação, e nesta visão gerencial as medidas tomadas são bonificação para os melhores profissionais, premiação
por mérito, fazendo valer nas escolas e nas redes de ensino a lei fundamental
da concorrência de mercado, como se gerenciassem uma grande empresa.
Sob este aspecto e com os recursos para a
educação cada vez mais escassos, buscam atender apenas os aspectos
quantitativos em prejuízo dos qualitativos, demitem em massa os profissionais
da educação, em nome da “racionalização de custos”, do “enxugamento da
máquina”, superlotando as salas de aula, congelando a expansão da rede física e
dispensando a adequada relação que deve existir entre professor e número de
alunos em sala de aula.
No município de Botucatu se repete a mesma lógica da visão gerencial da
educação, firmando parcerias com empresas privadas para a formulação de
material didático e possível apoio pedagógico enquanto o caminho deveria ser o
contrário, um projeto pedagógico elaborado com a participação dos profissionais
da Educação. Com mais autonomia e apoio pedagógico a estes que são e serão os
principais executores de qualquer projeto pedagógico.
Atualmente a atual gestão atrelou o Bônus proveniente do FUNDEB ao
número de faltas e licença médica que os professores tem, dependendo do número
de faltas e licença médica será descontado uma certa quantia do bônus. Como se
manter estes em sala de aula evitar que usufruam de direitos adquiridos irá
melhorar a qualidade do ensino.
Uma Educação de qualidade perpassa por uma reflexão de que sociedade
queremos criar, e para que educamos nossos alunos. Para o PSOL
a educação como direito de todos se inscreve em um contexto maior, em um
programa político que pretende, a um só tempo, reverter a barbárie e o processo
de desumanização crescentes; reduzir as desigualdades sociais e promover a
igualdade. E isto pressupõe a redefinição do papel do Estado e outro modelo de
gestão, plural e democrática.
O PSOL quer
assim resgatar o sentido político da educação, no qual se projeta uma outra
sociedade possível e necessária, de homens e mulheres livres da domesticação de
suas forças morais e intelectuais, porque se reconhecem como sujeitos da
história. Para isto se requer
assumir a educação como parte de um projeto estratégico, voltado para a
mobilização das grandes maiorias do povo.
A educação deve estar a serviço da socialização dos meios intelectuais
de compreensão crítica da realidade, de formação e exercício do intelecto,
autônomo e libertário do senso-comum – concepção esta que norteará o projeto
pedagógico a ser debatido e disputado em nossas escolas e onde mais a prática
educativa se dê.
Para tanto, é preciso reencontrar a autonomia do trabalho dos
professores e professoras — e não sujeitá-los a “cartilhas” que nada dizem a
respeito do que se passa no dia-a-dia da escola e da comunidade.
A educação é um direito inalienável e
cumpre ao Estado promovê-lo, garantindo o acesso de todos e todas. Assim,
educar as crianças, desde a primeira infância, mas também os que nunca passaram
pela escola; educar os jovens e adultos, que por quaisquer motivos abandonaram
a escola ou foram abandonados por ela. Promover as condições indispensáveis
para que o trabalho dos educadores possa ser desenvolvido com qualidade. Esse é
o nosso compromisso.
Marília Vilela é professora na Rede Municipal de Botucatu e Membro do PSOL há três anos.
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